Todo
gerente, diretor, ou gestor que exerce atividades de liderança dentro de sua
empresa está diariamente buscando soluções para tornar as equipes mais
produtivas, focadas nas metas da área em que atuam, e principalmente,
comprometidas com os objetivos estratégicos da organização. E quando falamos
em produtividade, foco e comprometimento, estamos lidando basicamente com a
motivação das pessoas. Muitos gestores passam horas se perguntando: "Por
que minhas equipes não são produtivas?"; "Por que meus funcionários
não 'vestem a camisa' da empresa, mesmo recebendo salários altos?".
Resposta rápida: motivação.
Há
tempos, os bons salários não são mais suficientes para motivar e manter bons
profissionais nas empresas (principalmente a geração Y em diante). Uma pesquisa
recente da Catho Online, feita com mais de 46 000 participantes, aponta que
os fatores que mais motivam os profissionais no trabalho são o bom
relacionamento com as pessoas no trabalho, o reconhecimento profissional e a
possibilidade de trabalhar com o que se gosta. Salário e acúmulo de capital
não aparecem nem entre os cinco principais fatores de motivação.
Muitas
vezes, as instituições investem tempo e dinheiro em reestruturações de RH,
definições de planos de carreiras, cargos e salários, contratam inúmeras
consultorias, e acabam se esquecendo do mais básico: o que motiva as pessoas
a acordarem pela manhã, e irem trabalhar? Eu acredito que, antes de contratar
uma consultoria de RH, todo gestor pode se atentar a alguns pontos, que
geralmente custam muito pouco e podem gerar ótimos resultados, relacionados à
motivação de pessoas em uma empresa.
Invista
na qualidade de vida das pessoas
Em um
mercado que busca pessoas criativas, que fazem diferença no lugar onde estão,
o diferencial de qualquer produto ou serviço é a inovação. Por isso, se você
quer equipes motivadas, envolvidas com seu trabalho, criativas, que opinam,
sugerem, criticam, e apontam melhorias, crie um ambiente de trabalho onde as
pessoas gostem de estar e passar a maior parte do dia. Investir em áreas de
lazer e convívio comum, com sofás confortáveis, mesa de bilhar, e puffs em
salas de reunião, pode tornar o ambiente mais descontraído e favorável para
que os colaboradores expressem suas opiniões e contribuam com ideias
inovadoras.
Construa
uma hierarquia horizontal
Ter um
plano de carreira bem estruturado e políticas de cargos e salários bem
definidas são importantes para qualquer organização. Mas se uma pessoa não
consegue ter contato imediato com seus gestores, e não se sente próximo aos
seus líderes, vai automaticamente se sentir distanciado da empresa. Não é por
acaso que Jack Welck, logo após assumir a direção da GE, em 1981, promoveu
uma profunda transformação na estrutura da empresa, consolidando uma
hierarquia bem mais "achatada" e simplificada. O resultado, todos
nós sabemos.
Permita
horários flexíveis de trabalho
Dentro
do possível, deixe que as equipes façam seu horário de trabalho. Tente focar
esforços no cumprimento de metas e avaliações por meritocracia, ao invés de
ficar monitorando quanto tempo as pessoas ficam batendo papo no cafezinho. A
maioria das atividades de qualquer empresa envolve criatividade – algo que
pode ser desenvolvido durante todo o dia, inclusive no cafezinho. Se uma
equipe é mais produtiva trabalhando no período da tarde, crie mecanismos para
que possam trabalhar neste horário. Qualquer equipe ficará mais motivada
trabalhando no horário em que é mais produtiva.
Não dê
ordens, compartilhe responsabilidades
Não dê
ordens, ou diga o que as pessoas devem fazer. Você pode apontar caminhos para
que entendam quais dificuldades e problemas precisam ser resolvidos. A
maioria dos profissionais, principalmente os da geração Y, adoram assumir
responsabilidades e desafios, e cada vez mais reforçam estes desejos em todas
as pesquisas. Permita que as pessoas possam enfrentar os problemas da empresa
e tenham liberdade para poder ajudar com soluções.
Promova
uma comunicação efetiva
Você
apenas poderá criar qualquer expectativa sobre um funcionário se ele souber o
que a instituição onde ele atua espera dele no ambiente de trabalho. Então,
invista na geração de ciclos de feedback entre funcionários e gestores, para
que todos tenham uma visão clara da estratégia e metas da empresa. Na maioria
das vezes, não é necessário implantar sistemas de feedback complexos ou
longas reuniões envolvendo todas as áreas, mas sim incentivar uma cultura em
que gestores, líderes e liderados tenham liberdade para conversar de maneira
mais informal, permitindo que informações importantes sejam compartilhadas
naturalmente entre todos.
Dê
liberdade às pessoas, e surpreenda-se com os resultados
Geralmente,
as grandes empresas de tecnologia e internet são apontadas como as mais
inovadoras do mercado, e grande parte delas possui modelos de gestão bem mais
flexíveis e enxutos. Em empresas como Facebook, Google e Amazon, os
colaboradores são incentivados a serem autogerenciáveis, e terem liberdade
para resolver seus problemas com mais autonomia. Essa liberdade permite com
que as pessoas desenvolvam sua criatividade e promovam a inovação. Quando
Ricardo Semler começou a difundir suas ideias sobre gestão empresarial, em
1982, na Semco S/A, pregando de forma radical a liberdade e democracia
industrial nas empresas, a maioria achou que ele estava louco. Hoje, seu
modelo de gestão é referência internacional para qualquer gestor de empresas.
Não
instale processos rígidos demais, nem barreiras que limitem a capacidade de
inovação das pessoas. Promova um ambiente com mais liberdade e surpreenda-se
com a capacidade dos seus funcionários em criar soluções simples e baratas,
para problemas aparentemente complexos.
Autor: Eduardo
Kruger é sócio e team leader responsável pela área desenvolvimento da
Informant, empresa especializada na prestação de serviços terceirizados em
pesquisa e desenvolvimento de software.
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